quinta-feira, 12 de agosto de 2021
Defesa do Cruzeiro vacila de novo e lá se vão dois pontos
sábado, 7 de agosto de 2021
Virada brusca
Giovanni comemora o gol da virada imagem: printscreen do GE |
Cruzeiro levou duas viradas relâmpagos nesta temporada. Diante do América, na semifinal do Estadual, o time então comandado por Felipe Conceição tomou dois gols em quatro minutos. Nessa Série B, o CSA balançou a rede de Fábio duas vezes em dois minutos. Hoje (07/08), na vitória por 2 a 1 sobre o Brusque, em Santa Catarina, a equipe celeste - sob a batuta do 'pofexô' Vanderlei Luxemburgo - teve o gostinho de reverter o placar num piscar de olhos.
No futebol se vai do céu ao inferno num instante. É um clichê que continua verdadeiro se o vice-versa for considerado. O cruzeirense neste sábado foi do desespero ao alívio em dois minutos. O Cruzeiro estava sendo derrotado até os 41 minutos do segundo tempo. Aos 43, a Raposa comemorava o gol que colocava o time à frente no placar por 2 a 1. Virada brusca.
Erros de arbirtragem colaboraram para o Brusque abrir o marcador. Marcelo Moreno sofreu falta dentro da área adversária, quando o jogo ainda estava zero a zero, mas o juizão não apitou. O gol do time catarinense saiu da cobrança de um pênalti mal marcado, segundo a comentarista de arbitragem da Globo/Sportv, Janette Arcanjo.
As substituições do 'pofexô'
Luxemburgo utilizou da formação 4-4-2, o seu favorito. Foi com essa construção tática que ele deu trabalho para o Flamengo de Jorge Jesus, naquele empate de 4 a 4, quando ele era treinador do Vasco em 2019. Dois volantes, Flávio e Ariel Cabral. Dois pontas, Bruno José e Wellington Nem. Totalizando quatro homens no meio. Moreno e Sóbis formaram a dupla de ataque. Cruzeiro foi mais perigoso que o adversário, faltava só a boa definição, o "último passe".
Contudo, quem fez o primeiro gol foi o Brusque, dando a entender que mais uma vez um filme horroroso se repetia diante do olhar dos cruzeirenses. O time celeste parecia melhor em campo, dava algum susto, porém quem fazia o gol era o oponente. Quantas vezes vimos isso acontecer nesse ano e no ano passado? Detalhe: treinadores faziam alterações equivocadas, o que piorava mais a situação. Dessa vez não foi assim. Luxemburgo foi perfeito nas substituições. Aos 18, entrou Giovanni no lugar de Flávio e Marcinho no lugar de Sóbis. Aos 27, Wellington Nem deu lugar a Felipe Augusto. E finalmente aos 41, Claudinho substituiu Bruno José.
O gol de empate saiu aos 41. Claudinho, que havia acabado de entrar, cruzou para Felipe Augusto cabecear. Aos 43, Giovanni marcou um gol chutando de fora da área e contando com a colaboração do goleiro. Três jogadores que entraram no segundo tempo. Repito: Luxemburgo foi perfeito. Sua decisão tática definiu o jogo. O grande nome dessa vitória cruzeirense é ele.
Há muito o que fazer ainda. Cruzeiro saiu da zona de rebaixamento, mas ainda está próximo dela - em 15º, com 16 pontos. Vem aí dois jogos consecutivos dentro de casa.
Roni Pereira, jornalista de Salvador/BA
terça-feira, 3 de agosto de 2021
Luxemburgo tentará reerguer o Cruzeiro e sua própria carreira
EM 13 DE AGOSTO DE 2002, o Cruzeiro contratava o técnico Vanderlei Luxemburgo pela primeira vez. O "pofexô" abandonava o cargo no Palmeiras para assumir o time celeste na terceira rodada do Campeonato Brasileiro. Era o prelúdio para o que viria em 2003: aquele supertime que conquistou a Tríplice Coroa. Todavia, ele não montou aquela equipe espetacular de uma hora para outra.
O desempenho de Luxa com o Cruzeiro em 2002 foi mediano: 11 vitórias, 7 derrotas e 5 empates. Aproveitamento de 55%. Valeu a pena ter paciência e botar fé no "pojeto". Houve continuidade no trabalho e o desfecho foi o glorioso ano seguinte.
Luxemburgo voltou ao Cruzeiro em 2015. Nesse ano, já era considerado treinador "ultrapassado". Não tinha bom histórico recente de trabalhos e não conquistava um título de expressão há 11 anos. Mesmo assim se empolgou: "vamos brigar por títulos". Assumiu a equipe na quinta rodada do Brasileirão e emplacou logo três vitórias consecutivas, incluindo uma vitória sobre o Atlético-MG no Estádio Independência. Entretanto a equipe logo caiu de rendimento e ficou irregular, tornando plausível a possibilidade de parar no Z4. O 'pofexô' foi demitido depois da 21ª rodada.
Agora ele está de volta, pela terceira vez, seis anos depois. De 2015 pra cá, o desempenho de Luxemburgo como técnico não melhorou. Pelo contrário, piorou. Fracassou até no futebol chinês. Assumiu o Sport em 2017 e promoveu ascensão do clube até a 5ª posição no campeonato nacional, mas depois despencou até ser demitido após uma eliminação na Copa Sul-Americana.
Nos últimos seis anos, talvez a campanha com o Vasco em 2019 tenha sido o seu melhor trabalho. Não que tenha sido algo acima da média. Foi apenas regular. Há um destaque, porém: o jogo contra o Flamengo de Jorge Jesus, cujo resultado final foi 4 a 4. Luxemburgo usou dois atacantes nessa partida, uma estratégia tática que o time rubro-negro não tinha lidado até então, pois enfrentou adversários que utilizavam da conservadora formação 4-2-3-1. Dois atacantes colocaram maior pressão na linha alta de Jesus.
Esse foi o jogo que provavelmente fez Luxa ser relativamente bem visto no mercado. Ele não foi demitido do Vasco. O Palmeiras o contratou para que assumisse o time paulista em 2020. O clube alviverde é um dos mais ricos do país e propiciou ao então recém-contratado técnico um elenco recheado de jogadores além da média (para o padrão do futebol brasileiro). Contudo Luxemburgo não conseguiu materializar plenamente o potencial daquela equipe. O time apresentava um futebol bem abaixo do que poderia. Foi campeão paulista menos pela capacidade do 'pofexô' do que pela qualidade individual do escrete. O jogo contra os moleques de um Flamengo devastado pela Covid-19 deixou conspícuo que aquele Palmeiras não tinha repertório algum.
Demitido mais uma vez, voltou ao Vasco no finalzinho de 2020. Talvez tenha sido no clube cruzmaltino o ponto mais baixo de toda sua carreira. A missão era salvar do rebaixamento. Quando Luxemburgo foi anunciado, o time amargava a 17ª posição. Não conseguiu o aproveitamento necessário para fugir da degola, o que culminou na quarta queda do Time da Virada.
No comando do Cruzeiro de 2021, Luxemburgo lidará com algo que ainda não enfrentou: reerguer um clube grande destroçado e afundado na Série B, com sérios riscos de afundar ainda mais de divisão. Simultaneamente, tentará reerguer a si próprio. Será uma situação oposta em relação ao ano de 2003: naquele ano, Cruzeiro e Luxa, juntos, estavam no ápice. E será um combate mais complicado do que o de 2015, em que ele fracassou.
Hoje ele talvez esteja diante do maior desafio da carreira.
Roni Pereira, jornalista de Salvador/BA
A Cartomante
Eram 22 horas. No bar Antipelego, a conversa regada a cerveja e a cachaça era comandada por trabalhadores da construção civil. Depois de dez...