terça-feira, 3 de agosto de 2021

Luxemburgo tentará reerguer o Cruzeiro e sua própria carreira


EM 13 DE AGOSTO DE 2002, o Cruzeiro contratava o técnico Vanderlei Luxemburgo pela primeira vez. O "pofexô" abandonava o cargo no Palmeiras para assumir o time celeste na terceira rodada do Campeonato Brasileiro. Era o prelúdio para o que viria em 2003: aquele supertime que conquistou a Tríplice Coroa. Todavia, ele não montou aquela equipe espetacular de uma hora para outra. 

O desempenho de Luxa com o Cruzeiro em 2002 foi mediano: 11 vitórias, 7 derrotas e 5 empates. Aproveitamento de 55%. Valeu a pena ter paciência e botar fé no "pojeto". Houve continuidade no trabalho e o desfecho foi o glorioso ano seguinte. 

Luxemburgo voltou ao Cruzeiro em 2015. Nesse ano, já era considerado treinador "ultrapassado". Não tinha bom histórico recente de trabalhos e não conquistava um título de expressão há 11 anos. Mesmo assim se empolgou: "vamos brigar por títulos". Assumiu a equipe na quinta rodada do Brasileirão e emplacou logo três vitórias consecutivas, incluindo uma vitória sobre o Atlético-MG no Estádio Independência. Entretanto a equipe logo caiu de rendimento e ficou irregular, tornando plausível a possibilidade de parar no Z4. O 'pofexô' foi demitido depois da 21ª rodada.

Agora ele está de volta, pela terceira vez, seis anos depois. De 2015 pra cá, o desempenho de Luxemburgo como técnico não melhorou. Pelo contrário, piorou. Fracassou até no futebol chinês. Assumiu o Sport em 2017 e promoveu ascensão do clube até a 5ª posição no campeonato nacional, mas depois despencou até ser demitido após uma eliminação na Copa Sul-Americana.

Nos últimos seis anos, talvez a campanha com o Vasco em 2019 tenha sido o seu melhor trabalho. Não que tenha sido algo acima da média. Foi apenas regular. Há um destaque, porém: o jogo contra o Flamengo de Jorge Jesus, cujo resultado final foi 4 a 4. Luxemburgo usou dois atacantes nessa partida, uma estratégia tática que o time rubro-negro não tinha lidado até então, pois enfrentou adversários que utilizavam da conservadora formação 4-2-3-1. Dois atacantes colocaram maior pressão na linha alta de Jesus.

Esse foi o jogo que provavelmente fez Luxa ser relativamente bem visto no mercado. Ele não foi demitido do Vasco. O Palmeiras o contratou para que assumisse o time paulista em 2020. O clube alviverde é um dos mais ricos do país e propiciou ao então recém-contratado técnico um elenco recheado de jogadores além da média (para o padrão do futebol brasileiro). Contudo Luxemburgo não conseguiu materializar plenamente o potencial daquela equipe. O time apresentava um futebol bem abaixo do que poderia. Foi campeão paulista menos pela capacidade do 'pofexô' do que pela qualidade individual do escrete. O jogo contra os moleques de um Flamengo devastado pela Covid-19 deixou conspícuo que aquele Palmeiras não tinha repertório algum.

Demitido mais uma vez, voltou ao Vasco no finalzinho de 2020. Talvez tenha sido no clube cruzmaltino o ponto mais baixo de toda sua carreira. A missão era salvar do rebaixamento. Quando Luxemburgo foi anunciado, o time amargava a 17ª posição. Não conseguiu o aproveitamento necessário para fugir da degola, o que culminou na quarta queda do Time da Virada.

No comando do Cruzeiro de 2021, Luxemburgo lidará com algo que ainda não enfrentou: reerguer um clube grande destroçado e afundado na Série B, com sérios riscos de afundar ainda mais de divisão. Simultaneamente, tentará reerguer a si próprio. Será uma situação oposta em relação ao ano de 2003: naquele ano, Cruzeiro e Luxa, juntos, estavam no ápice. E será um combate mais complicado do que o de 2015, em que ele fracassou. 

Hoje ele talvez esteja diante do maior desafio da carreira.

Roni Pereira, jornalista de Salvador/BA

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