sábado, 31 de julho de 2021

Enfim, o fim da brevíssima Era Mozart

Mozart foi um dos piores treinadores (senão o pior) do Cruzeiro nos últimos anos

Durou 50 dias o emprego de Mozart Santos no comando do Cruzeiro. Foi um período de aleatoriedade e confusão tática, de inconstâncias na composição do time. O agora ex-técnico demonstrou falta de ideias. Ao contrário do que pode indicar o senso comum, colocar uma formação e escalação diferentes a cada rodada não significa abundância de ideias. O método "tentativa e erro" é usado por quem não sabe realmente o que fazer.

É a busca pela solução mediante "experimentação". Má ideia para um campeonato como a Série B. A confusão tática indicava um time do Cruzeiro completamente perdido no meio da competição. Resultado: o Z4, com riscos de parar na lanterna. Detalhe: já passou 1/4 do torneio. Havia a possibilidade de Mozart acertar a equipe, encontrar o padrão, mas ninguém sabia quando isso ocorreria, se é que ocorreria. Até isso acontecer, o Cruzeiro poderia estar ainda mais atolado na zona de rebaixamento, próximo da Série C.

Diante do Londrina, jogo que terminou empatado em 2 a 2, Mozart utilizou uma formação que não havia utilizado antes. Mais uma. Jogou no 3-4-1-2, que é uma variação do 3-4-3. Sóbis ficou mais recuado, jogando como meia central, um suposto armador. Marcelo Moreno não estava sozinho no ataque. Bruno José foi seu parceiro. A meu ver, a construção tática que privilegia dois atacantes é melhor para o centroavante boliviano render. A Seleção Boliviana já jogou no 4-4-2 e Moreno marcou gols, como marcou ontem. Jogando como atacante central, ele fica entre os zagueiros do time oponente. E sem habilidade e triangulação não tem como abrir espaço para ele marcar. Contudo, ao compor uma dupla de ataque, a pressão da marcação adversária não vai toda em cima dele. 

A formação do Cruzeiro no jogo contra o Londrina
Imagem: Printscreen do Sofascore

Infelizmente a equipe manteve fragilidade na defesa. Mozart não conseguiu resolver isso. Houve partidas com ele no comando em que o Cruzeiro deu sinais de progresso defensivo jogando no 3-4-3. A ilusão durou pouco. Temos a pior defesa da Série B. É um problema crônico que permanece seja jogando com o time mais fraco ou o mais forte. O Londrina é um dos escretes mais fracos da Série B, mas fez dois gols na meta de Fábio. 

Mozart não acertou a defesa e piorou o ataque. Sim, com ele o Cruzeiro chegou a ter o melhor ataque, por um breve momento. No entanto, quem assiste os jogos percebe que os métodos cruzeirenses de fazer gols são irregulares e com pouca qualidade técnica. A falta de criatividade ofensiva é patente e chega a ser irritante. Hoje o time não está nem entre as cinco equipes que mais fizeram gols. 

É o legado que deixa para o próximo treinador. Felipe Conceição teve uma passagem desastrosa, mas com ele o Cruzeiro teve um leve progresso ofensivo. O potencial da equipe de "tigrão" em criar "grandes chances de gol" era maior do que o da equipe do recém demissionário treinador. 

Nenhum dos dois vai deixar saudades. Os números não mentem: Mozart foi um dos piores treinadores (senão o pior) do Cruzeiro nos últimos anos. Ele apareceu como um profissional promissor no ano passado, após quase levar o CSA ao acesso para a Série A. Entretanto, sua breve e péssima trajetória no Cruzeiro pode ter maculado essa percepção.  

Roni Pereira, jornalista de Salvador/BA

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