domingo, 20 de junho de 2021

39 minutos

Fábio (no chão) e outros jogadores do Cruzeiro, logo após o 2º gol do Operário
imagem: printscreen do GE

NA PRIMEIRA ENTREVISTA COLETIVA como treinador do Cruzeiro, Mozart Santos expressou sua preferência pelo futebol intenso e ofensivo. Curiosamente, as formações táticas que utilizou até agora têm fortalecido o time defensivamente. Sob seu comando, o ataque azul ainda não atingiu o nível que os torcedores esperam. Nos dois últimos jogos, contra Operário e Ponte Preta, ficou patente o progresso defensivo e retrocesso ofensivo. O maior problema que aflige o escrete ainda é o individual: erros que comprometem o resultado a favor do adversário.

Contra a Ponte Preta, foi um sistema de marcação tenaz mais uma jogada talentosa de Bruno José que garantiram o triunfo. Seria um modelo ideal de jogo (boa defesa + talento decidindo o jogo) para conseguir o acesso, mas o Cruzeiro não tem jogador talentoso e os erros individuais defensivos têm sido frequentes. Mozart iniciou contra o time paulista usando o 4-1-4-1 (ou 4-3-3) com a intenção de agredir o adversário. Foi surpreendido (palavras dele) pela formação com três zagueiros da Macaca. Voltou ao segundo tempo do mesmo jogo com 3-4-3, com a intenção vencer a boa marcação do oponente. O que conseguiu, porém, foi solidez atrás. A bela jogada de Bruno José decidiu a partida, como dissemos. Fábio mal trabalhou nesse jogo. 

No jogo contra o Operário, Mozart repetiu o 3-4-3 aparentemente. Cruzeiro ia bem na partida, por estar mais presente no campo de defesa do adversário. Não sofreu sustos, assim como também não foi ameaçador. Até que Weverton, com carrinho irresponsável, desmedido, foi expulso aos 29 do primeiro tempo. O jogo agora estava 11 contra 10. Um verdadeiro teste para a defesa cruzeirense sob o comando do técnico de 41 anos. O gol do time paranaense três minutos depois do cartão vermelho talvez indicasse a desgraça que estaria por vir para o escrete celeste. Mas não. O time se manteve seguro e conseguiu o empate aos 42 com Felipe Augusto pegando o rebote de um chute de Bruno José (ele de novo), que pareceu que ia fazer o mesmo gol que fez contra a Ponte. Logo em seguida, Fábio evitou o segundo gol.

Veio o segundo tempo. Se não estava conseguindo ser muito ameaçador com todos os jogadores em campo, com um a menos o Cruzeiro ficou pior. Nenhum chute verdadeiramente incômodo ao goleiro Thiago Braga. Já o Operário chegou duas vezes nos primeiros 11 minutos, com um chute de fora da área e uma cabeçada. Ambos para fora. Também não foram lances muito perigosos. O Cruzeiro se manteve defensivamente resistente por 39 minutos, mesmo com um jogador a menos. Bom sinal? Parece que sim. Ou pode ser que isso diga muito mais sobre o Operário...

O gol da vitória do time de Ponta Grossa saiu de um chute em que a bola fez um movimento curvo que matou Fábio. Ele escorregou numa "falha" do gramado, quando tentou defender.

Com Felipe Conceição, o time tinha maior criação ofensiva, mas levou sete gols em dois jogos na Série B. Mozart parece ter dado conta rapidamente do problema defensivo. Com ele, a média é de 1 gol tomado por partida (entre esses está  aquele gol contra bizarro do lateral-direito Joseph). Contudo, retrocedeu ofensivamente. Ainda está cedo, vamos ver se melhora. Os dois treinadores lidaram e lidam com equivocos individuais que prejudicam a equipe. 

O Cruzeiro tem patético aproveitamento de 27% na Série B e está de volta ao Z4. Continua sofrendo com desequilíbrio e com falhas e expulsões pueris. 

Roni Pereira, jornalista residente em Salvador/BA

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