terça-feira, 22 de junho de 2021

O jogo contra o Vasco



Na rodada passada da Série B, o Vasco - próximo adversário do Cruzeiro nesta quinta-feira (24/06) - goleou o CRB por 3 a 0. Talvez tenha sido a melhor exibição do time cruzmaltino na competição.

O primeiro tempo do confronto foi um "mais do mesmo", algo comum no modorrento futebol brasileiro em geral: fraco tecnicamente, cauteloso, com pouquíssima criação ofensiva. Um lance de gol destoou do caráter da peleja, no entanto. Marquinhos Gabriel foi o grande nome do jogo. Aos 43, ele deu assistência para o artilheiro Cano colocar para o fundo das redes.

Rejeitado pelo Cruzeiro e detestado (com razão) pela torcida azul, Marquinhos Gabriel parece estar praticando um futebol razoável no Rio de Janeiro. Tem feito sucessivas boas partidas. A assistência contra o CRB foi a segunda dele com a camisa do Vasco no campeonato. Ademais, o terceiro gol da vitória saiu dos pés dele aos 49 minutos do segundo tempo.

O gol de Cano no final do primeiro tempo permitiu ao treinador Marcelo Cabo adotar a estratégia sólita de "marcar o gol e recuar". Assim, o CRB teve 65% de posse de bola nos 45 minutos finais. Forçado a buscar o gol de empate, se expôs, deixando lacunas que o Vasco soube aproveitar muito bem. O time carioca foi letal nas finalizações. Tal precisão fatal faltou ao CRB, que mandou duas bolas nas traves (o Vasco acertou uma vez também).

Além de Marquinhos Gabriel e Cano, Leo Jabá foi outro destaque. Entrou no segundo tempo, fez o segundo gol e participou do terceiro.

Enquanto o ataque do Vasco foi letal na última rodada, o do Cruzeiro demonstrou retrocesso. Diante do Operário-PR, criou muito pouco. Verdade que ficou com um jogador a menos aos 29 da etapa inicial, mas antes do cartão vermelho, o time celeste não foi uma ameaça ao goleiro Thiago Braga, embora tenha "controlado" a partida. Ter empatado o jogo, ainda no primeiro tempo, com um a menos merece algum destaque, porém.

O ponto forte do Cruzeiro de Mozart Santos tem sido a defesa. Desde a etapa final da partida contra a Ponte Preta, ele utiliza o 3-4-3. Três zagueiros, um único volante fazendo função de "pivô defensivo", sem laterais, mas com alas que marcam, podendo formar uma linha de cinco atrás. A intenção era montar um time ofensivo. O que conseguiu, todavia, foi uma marcação relativamente sólida, sem muita exposição ao risco. O que tem prejudicado o time celeste é... ele mesmo! Falhas individuais e expulsões juvenis estão contribuindo para o resultado a favor do oponente.

Durante 39 minutos do segundo tempo, o escrete mineiro conseguiu segurar o empate contra o Operário de Ponta Grossa. Manteve-se estável, sem sustos. Até que Fábio escorregou na lama e "aceitou" o chute de fora da área do lateral-esquerdo Djalma Silva.

O time cruzmaltino tem o atacante argentino Cano como referência. É jogador oportunista que costuma aproveitar deslizes defensivos. As assistências que resultaram em 2 dos 3 gols contra o CRB também merecem atenção, pois indicam uma perigosa sintonia entre meio-campo e ataque. Se tal desempenho foi "ponto fora da curva" (circunstâncias do jogo) ou se é o princípio de uma evolução contínua do time de Cabo, ainda não sabemos. Cruzeiro que abra o olho e construa boa postura defensiva. Nesse jogo de quinta-feira, equívocos - sejam individuais e/ou coletivos - terão maior probabilidade de contribuir para um resultado final favorável ao adversário.

Roni Pereira, jornalista residente em Salvador/BA

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Cartomante

Eram 22 horas. No bar Antipelego, a conversa regada a cerveja e a cachaça era comandada por trabalhadores da construção civil. Depois de dez...