quinta-feira, 24 de junho de 2021

Matheus Barbosa faz dois gols e Vasco entra pelo cano

Matheus Barbosa e o zagueiro Ramon comemorando o segundo gol
Imagem: printscreen do GE

Quando Morato abriu o placar para o Vasco, aos 8 minutos, parecia ser o princípio de mais uma noite catastrófica para o cruzeirense. Algo sólito nessa Série B. O volante Matheus Barbosa, no entanto, mudou o destino da partida. Primeiro com um gol de empate, aos 14, logo após uma cobrança de escanteio, em que só precisou empurrar a bola para rede. O segundo, aos 28, foi um belo gol, pegando de primeira o passe de Felipe Augusto e mandando no ângulo do goleiro cruzmaltino.

Matheus Barbosa é bastante criticado pela torcida, por causa de más atuações como volante. Mas ofensivamente tem sido útil. Já balançou a rede seis vezes nesta temporada. Na Série B, marcou três vezes. Volante artilheiro? No mínimo, tem potencial para tal. O que sugere problemas ofensivos no Cruzeiro.

Quando jogadores de posições defensivas se destacam porque estão marcando gols, significa que tem algo errado com o ataque. Série B passada, Manoel chegou a ser "zagueiro artilheiro" - até Sóbis chegar, começar a fazer gols e assumir a artilharia do time no campeonato. Essa temporada infelizmente o "falso 9" não tem marcado, o que abre brecha para surgir mais uma vez no time o goleador que não é atacante. Assim tem sido o Cruzeiro: zagueiro artilheiro, volante artilheiro... Daqui a pouco, quem sabe, Fábio não vira goleiro artilheiro? Talvez surja também técnico artilheiro. Só não tem centroavante artilheiro, pelo menos ainda. 

O que não quer dizer que o ataque do Cruzeiro seja plenamente inofensivo. Temos o atacante Bruno José, que fez novamente uma boa partida, assim como Marcinho. Aliás, todos os cinco homens do meio para frente tiveram atuações agradáveis nesse jogo contra o Vasco. Todavia, o escrete não chega nem perto de um amplo domínio ofensivo, nem contra times muito mais fracos. Hoje soube aproveitar erros do oponente, porém criatividade ofensiva tem sido irregular. Sóbis jogou de centroavante. Contudo, ele foi "garçom", desviando bola que veio da cobrança de escanteio*, o que resultou no primeiro gol. Assim tem sido o Cruzeiro: o centroavante dá a assistência - isso é bom, óbvio -, mas ele não recebe.

Mozart Santos tem usado a formação 3-4-3, que é essencialmente ofensiva. Paradoxalmente, o time tinha se fortalecido defensivamente e regredido na criação do ataque. Quando fica sem a bola, os alas marcam, formando uma linha de cinco atrás e outra linha de quatro. A construção tática torna-se 5-4-1. Com a expulsão do zagueiro Paulo (houve um cartão vermelho para cada lado), o treinador teve que improvisar um jogador fora da posição (não tinha defensor substituto) para preencher a lacuna da linha.

No segundo tempo, o sistema defensivo do Cruzeiro esteve numa situação mais difícil em comparação com os dois jogos anteriores, pois o Vasco passou a pressionar. Dessa vez, o time de Mozart não "controlou" defensivamente a partida nos 45 minutos finais. O adversário: 1) teve mais posse de bola (56%) e com ela se impôs, com perigo em alguns momentos; 2) teve 6 escanteios, contra nenhum da Raposa; e 3) finalizou 13 vezes, contra uma única finalização cruzeirense -  em uma delas, Juninho chutou, aos 26, forçando Fábio a defender. O time azul apostava no contra-ataque.

A equipe carioca trocava passes perigosos, mas faltava definir as jogadas. Leo Jabá deu algum trabalho com sua velocidade e habilidade, porém não conseguiu incomodar Fábio pra valer. Cano conseguiu (poucas) chances e não aproveitou.

É a segunda vitória do Cruzeiro na Série B (a primeira no Mineirão). Agora tem 7 pontos e ocupa a 11ª posição. O aproveitamento é de 38,9%.


Roni Pereira, jornalista residente em Salvador

*Errei: não foi Sóbis quem cobrou o escanteio que resultou no primeiro gol do Cruzeiro e sim Marcinho. Sóbis desviou de cabeça e a bola sobrou para Matheus Barbosa. Isso foi contabilizado como assistência.

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