Jogadores comemoram o terceiro gol do Cruzeiro Imagem: printscreen do GE |
Marcelo Moreno balançou a rede duas vezes. Atingiu a marca de 51 gols com a camisa do Cruzeiro e se tornou o maior artilheiro estrangeiro da história do clube. Sua atuação foi um "ponto fora da curva" ou a volta do flecheiro? Só saberemos nas próximas partidas. No entanto, podemos conjecturar com base no próprio jogo e no histórico do time.
O ponto positivo na atuação de Moreno ontem foi a sua motivação. Era notável a sua vontade de fazer o Cruzeiro reagir. Apesar de pobre tecnicamente, o time celeste tem demonstrado uma força de reação que não vimos com frequência no ano passado. Diante do Botafogo, o centroavante foi a cara dessa motivação. E acabou premiado com dois gols.
Há um paradoxo no Cruzeiro. O time tem um dos melhores ataques, mas sofre com pobreza de criação ofensiva. Dois dos gols do time de Mozart Santos, no empate em 3 a 3 contra o Botafogo, não foram oriundos de jogadas bem construídas.
Moreno fez o segundo gol do Cruzeiro, para igualar o placar, dessa vez em 2 a 2, graças ao rebote de um pênalti. Bateu e o goleiro defendeu. Por um segundo, o cruzeirense pensou: "Cruzeiro não faz nem de pênalti?!". Mas o centroavante boliviano teve a sorte de a bola ter sido rebatida de volta para ele, que não perdoou. Gol de número 50. Naquele momento, Moreno empatava com o uruguaio Arrascaeta no topo do ranking de estrangeiros que mais marcaram gols com a camisa do Cruzeiro.
O gol de número 51, o terceiro do Cruzeiro para virar a partida por 3 a 2, resultou de uma jogada de ataque iniciada pela esquerda. Podemos dizer que foi uma jogada bem construída.
O meia Marcinho deu um passe preciso para Wellington Nem, que sairia na cara do gol. O goleiro do Botafogo foi mais rápido e cortou a jogada. Cortou mal, pois deu outro rebote para Moreno pegar de primeira, da entrada da área e acertar o ângulo. Um golaço. "Gol de artilheiro!", disse o narrador Luís Roberto, da TV Globo.
Marcinho é o cérebro do meio-campo cruzeirense. Ele é construtor de algumas das poucas boas jogadas que o time celeste cria. Se Mozart conseguir fazer dele o que os meias Arce e Saavedra são para Moreno na Seleção da Bolívia, haverá potencial para o camisa 9 do Cruzeiro se destacar na Série B. Nas Eliminatórias, quase todos os gols do artilheiro foram com assistências. Centroavante funciona com meias competentes.
Agora um detalhe incômodo: o terceiro gol foi resultante de contra-ataque. O Botafogo havia deixado espaços. O problema é que o Cruzeiro vai continuar enfrentando times bem postados atrás. Criar espaços no meio da marcação adversária ainda é o grande desafio.
É a primeira vez nessa terceira passagem que Marcelo Moreno jogou como um matador. Nessa partida, vimos uma característica dos bons atacantes centrais: o oportunismo. Porém, para manter as boas atuações, ele depende de um meio-campo criativo.
Roni Pereira, jornalista residente em Salvador/BA
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