quarta-feira, 7 de julho de 2021

Cruzeiro não tem ataque, tem um amontoado de jogadores


O esquema 4-2-4 | imagem: The Ball is Square

Durante o segundo tempo, Mozart Santos empilhou o campo defensivo adversário de atacantes. Nos minutos finais, o Cruzeiro estava com uma linha de quatro na frente. Mas o que se viu foi uma balbúrdia e não um "ataque". Pateticamente, o escrete se manteve inofensivo. 

A formação do Cruzeiro chegou a se tornar 4-2-4. É uma formação histórica, utilizada por grandes times e seleções. A Seleção Brasileira de 1970 jogou com essa construção tática na Copa do Mundo. Deu certo, por causa dos jogadores extraordinários que possuía.

(Peço perdão ao raro leitor pela justaposição entre o Brasil de 1970 e o Cruzeiro atual).

Hoje é a formação do desespero. Quando um time não consegue fazer gol no adversário o jogo inteiro e quer balançar a rede a qualquer custo, usa do 4-2-4. Não funcionou. Poderia ter sido eficaz em contra-ataques, pegando o oponente desprevenido. 

Mas o Coritiba foi defensivamente seguro, apesar de ter dado uma brecha no primeiro tempo. Lacuna que Bruno José não aproveitou. Chutou rasteiro e Wilson defendeu. A bandeira foi equivocadamente levantada. Com ou sem impedimento, é um Cruzeiro que cria poucas "grandes chances" e quando as cria, desperdiça.

Ademais, o Coritiba foi mais perigoso na etapa final. Botou bola na trave. Seja com um centroavante, dois, três, quatro atacantes, o Cruzeiro permanece inofensivo, incapaz de incomodar pra valer o goleiro. São raríssimas as oportunidades.

O roteiro sempre se repete diante de times reativos (a maioria dos adversários). Uma possível solução seria a infiltração na marcação mediante troca de passes rápidos e/ou dribles que pudessem abrir espaço. Cruzeiro não tem capacidade de fazer uma coisa, nem outra. O time celeste não sabe fazer uma simples triangulação. Não há inteligência. É um escrete comum de Série B, talvez pior.

A conclusão é bem simples. Em uma equipe com dificuldade atroz em criação de jogadas de ataque, não adianta colocar mais jogadores de frente. O problema é a (má) qualidade, não a quantidade. 

Roni Pereira, jornalista residente em Salvador/BA

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