quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Defesa do Cruzeiro vacila de novo e lá se vão dois pontos

COM VANDERLEI LUXEMBURGO, o Cruzeiro continua com a pior defesa, tanto nos números, como dentro de campo. Ele não é culpado, óbvio. O pofexô só dirigiu o time celeste em duas partidas na Série B, mas eu fico curioso em saber como ele vai lidar com essa deficiência crônica que está fodendo com a pretensão cruzeirense em dar uma arrancadinha nessa Série B. Não tá dando nem para vencer duas seguidas. Diante do Vitória - jogo terminou empatado em 2 a 2 -, a equipe conseguiu mais uma virada, porém cedeu o empate graças a erros comprometedores.

Quando teve um bom início comandando o Sport Recife em 2017, Luxemburgo foi elogiado pela imprensa que destacou o bom desempenho defensivo do time pernambucano. Antes da chegada dele, a equipe rubro-negra tinha uma defesa peneira. Depois, chegou a ficar quatro partidas consecutivas sem levar gols na Série A do Brasileirão. Foi algo êfemero, é verdade, mas ainda assim importante. Essa breve melhora foi possível com praticamente as mesmas peças do então elenco do Leão da Ilha. Apenas a lateral-esquerda foi modificada.

Hoje o pofexô tem um desafio essencialmente parecido, porém com uma dificuldade ainda maior. Ele precisa ajeitar a defesa de um time que por ora não pode obter novos jogadores. Vai ter que produzir rendimento com o que está disponível. Quando comandou o Sport, a dupla de volantes conseguiu se tornar, por um momento, a maior roubadora de bolas da Série A. Era um time melhor que esse Cruzeiro aí. No jogo contra o Vitória, os volantes celestes tiveram desempenhos ruins.

"Não resolvo se não resolverem os problemas que existem e que atrapalham. Nós sabemos quais são esses problemas que existem e que atrapalham", disse Luxemburgo em sua primeira coletiva como treinador do Cruzeiro. Entre esses "problemas" está a punição que impede o registro de novos jogadores.

O Vitória é um time limitadíssimo, assim como o próprio Cruzeiro - a tabela atesta isso. Está entre as equipes que mais criam "grandes chances" de gols, porém desperdiçou a grande maioria deles. No duelo desta 17ª rodada, recebeu dois presentes do time celeste e soube aproveitar - é incrível como o que dá errado em outras circunstâncias funciona bem contra o Cruzeiro... Um pênalti infantil de Rômulo - ninguém consegue entender como um jogador experiente possa ter feito algo assim. E um espaço generosamente dado pelo zagueiro Brock, que recebeu bola nas costas. O jovem atacante Samuel teve frieza e marcou.

Já é o terceiro treinador nesta Série B e a defesa cruzeirense continua uma tragédia - e uma alegria para os oponentes. A experiência de Luxemburgo - um dos maiores técnicos da história do futebol brasileiro, mas hoje considerado "ultrapassado" - será suficiente para solucionar esse problema?

Roni Pereira, jornalista de Salvador/BA

sábado, 7 de agosto de 2021

Virada brusca

Giovanni comemora o gol da virada
imagem: printscreen do GE

Cruzeiro levou duas viradas relâmpagos nesta temporada. Diante do América, na semifinal do Estadual, o time então comandado por Felipe Conceição tomou dois gols em quatro minutos. Nessa Série B, o CSA balançou a rede de Fábio duas vezes em dois minutos. Hoje (07/08), na vitória por 2 a 1 sobre o Brusque, em Santa Catarina, a equipe celeste - sob a batuta do 'pofexô' Vanderlei Luxemburgo - teve o gostinho de reverter o placar num piscar de olhos. 

No futebol se vai do céu ao inferno num instante. É um clichê que continua verdadeiro se o vice-versa for considerado. O cruzeirense neste sábado foi do desespero ao alívio em dois minutos. O Cruzeiro estava sendo derrotado até os 41 minutos do segundo tempo. Aos 43, a Raposa comemorava o gol que colocava o time à frente no placar por 2 a 1. Virada brusca.

Erros de arbirtragem colaboraram para o Brusque abrir o marcador. Marcelo Moreno sofreu falta dentro da área adversária, quando o jogo ainda estava zero a zero, mas o juizão não apitou. O gol do time catarinense saiu da cobrança de um pênalti mal marcado, segundo a comentarista de arbitragem da Globo/Sportv, Janette Arcanjo.

As substituições do 'pofexô'

Luxemburgo utilizou da formação 4-4-2, o seu favorito. Foi com essa construção tática que ele deu trabalho para o Flamengo de Jorge Jesus, naquele empate de 4 a 4, quando ele era treinador do Vasco em 2019. Dois volantes, Flávio e Ariel Cabral. Dois pontas, Bruno José e Wellington Nem. Totalizando quatro homens no meio. Moreno e Sóbis formaram a dupla de ataque. Cruzeiro foi mais perigoso que o adversário, faltava só a boa definição, o "último passe".

Contudo, quem fez o primeiro gol foi o Brusque, dando a entender que mais uma vez um filme horroroso se repetia diante do olhar dos cruzeirenses. O time celeste parecia melhor em campo, dava algum susto, porém quem fazia o gol era o oponente. Quantas vezes vimos isso acontecer nesse ano e no ano passado? Detalhe: treinadores faziam alterações equivocadas, o que piorava mais a situação. Dessa vez não foi assim. Luxemburgo foi perfeito nas substituições. Aos 18, entrou Giovanni no lugar de Flávio e Marcinho no lugar de Sóbis. Aos 27, Wellington Nem deu lugar a Felipe Augusto. E finalmente aos 41, Claudinho substituiu Bruno José. 

O gol de empate saiu aos 41. Claudinho, que havia acabado de entrar, cruzou para Felipe Augusto cabecear. Aos 43, Giovanni marcou um gol chutando de fora da área e contando com a colaboração do goleiro. Três jogadores que entraram no segundo tempo. Repito: Luxemburgo foi perfeito. Sua decisão tática definiu o jogo. O grande nome dessa vitória cruzeirense é ele. 

Há muito o que fazer ainda. Cruzeiro saiu da zona de rebaixamento, mas ainda está próximo dela - em 15º, com 16 pontos. Vem aí dois jogos consecutivos dentro de casa. 

Roni Pereira, jornalista de Salvador/BA

terça-feira, 3 de agosto de 2021

Luxemburgo tentará reerguer o Cruzeiro e sua própria carreira


EM 13 DE AGOSTO DE 2002, o Cruzeiro contratava o técnico Vanderlei Luxemburgo pela primeira vez. O "pofexô" abandonava o cargo no Palmeiras para assumir o time celeste na terceira rodada do Campeonato Brasileiro. Era o prelúdio para o que viria em 2003: aquele supertime que conquistou a Tríplice Coroa. Todavia, ele não montou aquela equipe espetacular de uma hora para outra. 

O desempenho de Luxa com o Cruzeiro em 2002 foi mediano: 11 vitórias, 7 derrotas e 5 empates. Aproveitamento de 55%. Valeu a pena ter paciência e botar fé no "pojeto". Houve continuidade no trabalho e o desfecho foi o glorioso ano seguinte. 

Luxemburgo voltou ao Cruzeiro em 2015. Nesse ano, já era considerado treinador "ultrapassado". Não tinha bom histórico recente de trabalhos e não conquistava um título de expressão há 11 anos. Mesmo assim se empolgou: "vamos brigar por títulos". Assumiu a equipe na quinta rodada do Brasileirão e emplacou logo três vitórias consecutivas, incluindo uma vitória sobre o Atlético-MG no Estádio Independência. Entretanto a equipe logo caiu de rendimento e ficou irregular, tornando plausível a possibilidade de parar no Z4. O 'pofexô' foi demitido depois da 21ª rodada.

Agora ele está de volta, pela terceira vez, seis anos depois. De 2015 pra cá, o desempenho de Luxemburgo como técnico não melhorou. Pelo contrário, piorou. Fracassou até no futebol chinês. Assumiu o Sport em 2017 e promoveu ascensão do clube até a 5ª posição no campeonato nacional, mas depois despencou até ser demitido após uma eliminação na Copa Sul-Americana.

Nos últimos seis anos, talvez a campanha com o Vasco em 2019 tenha sido o seu melhor trabalho. Não que tenha sido algo acima da média. Foi apenas regular. Há um destaque, porém: o jogo contra o Flamengo de Jorge Jesus, cujo resultado final foi 4 a 4. Luxemburgo usou dois atacantes nessa partida, uma estratégia tática que o time rubro-negro não tinha lidado até então, pois enfrentou adversários que utilizavam da conservadora formação 4-2-3-1. Dois atacantes colocaram maior pressão na linha alta de Jesus.

Esse foi o jogo que provavelmente fez Luxa ser relativamente bem visto no mercado. Ele não foi demitido do Vasco. O Palmeiras o contratou para que assumisse o time paulista em 2020. O clube alviverde é um dos mais ricos do país e propiciou ao então recém-contratado técnico um elenco recheado de jogadores além da média (para o padrão do futebol brasileiro). Contudo Luxemburgo não conseguiu materializar plenamente o potencial daquela equipe. O time apresentava um futebol bem abaixo do que poderia. Foi campeão paulista menos pela capacidade do 'pofexô' do que pela qualidade individual do escrete. O jogo contra os moleques de um Flamengo devastado pela Covid-19 deixou conspícuo que aquele Palmeiras não tinha repertório algum.

Demitido mais uma vez, voltou ao Vasco no finalzinho de 2020. Talvez tenha sido no clube cruzmaltino o ponto mais baixo de toda sua carreira. A missão era salvar do rebaixamento. Quando Luxemburgo foi anunciado, o time amargava a 17ª posição. Não conseguiu o aproveitamento necessário para fugir da degola, o que culminou na quarta queda do Time da Virada.

No comando do Cruzeiro de 2021, Luxemburgo lidará com algo que ainda não enfrentou: reerguer um clube grande destroçado e afundado na Série B, com sérios riscos de afundar ainda mais de divisão. Simultaneamente, tentará reerguer a si próprio. Será uma situação oposta em relação ao ano de 2003: naquele ano, Cruzeiro e Luxa, juntos, estavam no ápice. E será um combate mais complicado do que o de 2015, em que ele fracassou. 

Hoje ele talvez esteja diante do maior desafio da carreira.

Roni Pereira, jornalista de Salvador/BA

sábado, 31 de julho de 2021

Enfim, o fim da brevíssima Era Mozart

Mozart foi um dos piores treinadores (senão o pior) do Cruzeiro nos últimos anos

Durou 50 dias o emprego de Mozart Santos no comando do Cruzeiro. Foi um período de aleatoriedade e confusão tática, de inconstâncias na composição do time. O agora ex-técnico demonstrou falta de ideias. Ao contrário do que pode indicar o senso comum, colocar uma formação e escalação diferentes a cada rodada não significa abundância de ideias. O método "tentativa e erro" é usado por quem não sabe realmente o que fazer.

É a busca pela solução mediante "experimentação". Má ideia para um campeonato como a Série B. A confusão tática indicava um time do Cruzeiro completamente perdido no meio da competição. Resultado: o Z4, com riscos de parar na lanterna. Detalhe: já passou 1/4 do torneio. Havia a possibilidade de Mozart acertar a equipe, encontrar o padrão, mas ninguém sabia quando isso ocorreria, se é que ocorreria. Até isso acontecer, o Cruzeiro poderia estar ainda mais atolado na zona de rebaixamento, próximo da Série C.

Diante do Londrina, jogo que terminou empatado em 2 a 2, Mozart utilizou uma formação que não havia utilizado antes. Mais uma. Jogou no 3-4-1-2, que é uma variação do 3-4-3. Sóbis ficou mais recuado, jogando como meia central, um suposto armador. Marcelo Moreno não estava sozinho no ataque. Bruno José foi seu parceiro. A meu ver, a construção tática que privilegia dois atacantes é melhor para o centroavante boliviano render. A Seleção Boliviana já jogou no 4-4-2 e Moreno marcou gols, como marcou ontem. Jogando como atacante central, ele fica entre os zagueiros do time oponente. E sem habilidade e triangulação não tem como abrir espaço para ele marcar. Contudo, ao compor uma dupla de ataque, a pressão da marcação adversária não vai toda em cima dele. 

A formação do Cruzeiro no jogo contra o Londrina
Imagem: Printscreen do Sofascore

Infelizmente a equipe manteve fragilidade na defesa. Mozart não conseguiu resolver isso. Houve partidas com ele no comando em que o Cruzeiro deu sinais de progresso defensivo jogando no 3-4-3. A ilusão durou pouco. Temos a pior defesa da Série B. É um problema crônico que permanece seja jogando com o time mais fraco ou o mais forte. O Londrina é um dos escretes mais fracos da Série B, mas fez dois gols na meta de Fábio. 

Mozart não acertou a defesa e piorou o ataque. Sim, com ele o Cruzeiro chegou a ter o melhor ataque, por um breve momento. No entanto, quem assiste os jogos percebe que os métodos cruzeirenses de fazer gols são irregulares e com pouca qualidade técnica. A falta de criatividade ofensiva é patente e chega a ser irritante. Hoje o time não está nem entre as cinco equipes que mais fizeram gols. 

É o legado que deixa para o próximo treinador. Felipe Conceição teve uma passagem desastrosa, mas com ele o Cruzeiro teve um leve progresso ofensivo. O potencial da equipe de "tigrão" em criar "grandes chances de gol" era maior do que o da equipe do recém demissionário treinador. 

Nenhum dos dois vai deixar saudades. Os números não mentem: Mozart foi um dos piores treinadores (senão o pior) do Cruzeiro nos últimos anos. Ele apareceu como um profissional promissor no ano passado, após quase levar o CSA ao acesso para a Série A. Entretanto, sua breve e péssima trajetória no Cruzeiro pode ter maculado essa percepção.  

Roni Pereira, jornalista de Salvador/BA

domingo, 25 de julho de 2021

A Loteria de Mozart

O MEIA MARCINHO não jogou no empate em 0 a 0, entre Vila Nova e Cruzeiro, pela 14ª rodada da Série B. O camisa 11 celeste talvez seja o melhor jogador do time no momento. Essa falta de continuidade nas formações e escalações utilizadas pelo treinador Mozart denuncia a sua escassez de ideias consistentes. Ele parece não saber o que fazer e está buscando soluções com "experimentações". Está usando do método "tentativa e erro", em pleno campeonato. Como está errando, muda a tática a cada partida.

Na partida contra o time goiano, o Cruzeiro jogou no 3-4-3, uma formação diferente da utilizada no jogo anterior, contra o Remo. Ora o time joga com dois zagueiros, ora com três zagueiros. Ora com laterais, ora com alas. Um determinado jogador pode ir de titular a nem relacionado de uma partida a outra. Devemos essa variedade quase atroz à instituição conhecida como Loteria de Mozart.

Sim, a torcida já está fazendo piada com essa instabilidade tática. Com uma escalação diferente a cada jogo, Mozart parece escolher 10 jogadores iniciais mediante sorteio. Só temos certeza que o goleiro Fábio é titular. Quanto ao restante, sequer sabemos quem de fato é titular e quem não é. 


Logo após a derrota do Brasil diante da Itália, na Copa de 1982, o grande jornalista João Saldanha criticou problema semelhante naquela equipe brasileira. Na época, se dizia que "todos [os jogadores daquela seleção] são efetivos, todos são reservas". Eram "palavras vãs", segundo Saldanha.

Mozart ainda não disse algo do tipo. Mas ele nem precisa. Suas formações táticas que mudam a cada rodada são vãs por si e tornam dispensável qualquer declaração. Na busca pela equipe ideal, ele vai tentando e errando, enquanto o time se afunda na zona de rebaixamento da Série B. Nesta rodada, correu o risco de parar na lanterna. Confiança foi derrotado, o que afastou mais esse vexame. Por ora.

É possível Mozart encontrar, depois de tantas tentativas e jogos vexaminosos, o time competitivo? Sim. E nós, torcedores do Cruzeiro, estamos torcendo fervorosamente para que ele consiga logo. O problema é: se existe essa possibilidade, quanto tempo vai levar? Não sabemos. Até ele conseguir, o time pode estar afundado no Z4, quiça na lanterna, sabe se lá a quantos pontos do 16º colocado. Ninguém (que é cruzeirense) quer esperar ou pagar para ver isso acontecer. 

Nem estaríamos discutindo ainda sobre a capacidade de Mozart, se não fosse a regra que limita a troca de técnico no campeonato. Se permanecesse o regulamento passado, provável que ele estivesse demitido ou talvez até teria entregue o cargo. Com a nova norma, nem a diretoria quer demitir (para o clube não ser obrigado a efetivar um funcionário da agremiação pelo resto da Série B), nem o treinador quer pedir para sair (só pode pedir demissão uma única vez). Enquanto isso, o Cruzeiro vai se mantendo no Z4 até Mozart conseguir achar a formação e a escalação ideais.  

Roni Pereira, jornalista de Salvador/BA

terça-feira, 20 de julho de 2021

Cruzeiro leva mais um golaço na Série B

Jogar contra a equipe de Mozart Santos é uma boa ideia para quem quer concorrer ao Prêmio Puskás

Logo após o jogo entre Remo e Cruzeiro, em que o time celeste perdeu por 1 a 0 no Pará, Rafael Sóbis, em entrevista ao Sportv/Premiere, disse: "se pegar os dez gols mais bonitos da Série B, oito foram contra a gente". É uma hipérbole do atacante, mas tem fundo de verdade. Nessa Série B, Cruzeiro levou golaços do CRB, do CSA, do Guarani, do Remo... Até de si mesmo! O lateral-direito Joseph bizarramente usou o peito para fazer um golaço contra na partida diante do Goiás. Jogar contra a equipe de Mozart Santos é uma boa ideia para quem quer concorrer ao Prêmio Puskás.

Nesta terça-feira (20/07), em outra partida constrangedora, o Cruzeiro levou mais um gol de placa. O Remo encontrou espaço no lado esquerdo azul. O lateral-direito Thiago Ennes recebeu o passe, deslizou na avenida e cruzou para Victor Andrade pegar bonito, de primeira. A bola passou entre dois jogadores celestes e foi no gol, sem chances para o goleiro Fábio. O autor balançou a rede pela primeira vez nessa Série B. É apenas a terceira partida dele com a camisa azulina. 

Sóbis dando entrevista ao Premiere
Imagem: printscreen do GE

Há quase 27 anos, outro jogador do Remo se consagrava diante do Cruzeiro: o atacante Helinho. Naquela fatídica goleada de 5 a 1 em cima do time celeste, em pleno Mineirão, na fase de Repescagem do Campeonato Brasileiro de 1994, ele marcou quatro gols. Em 23 jogos na Primeira Divisão daquele ano, Helinho marcou 7 gols. Ou seja, só contra o Maior de Minas ele balançou a rede mais do que em todos os outros 22 jogos. 

Em 2021, lamentavelmente os adversários têm feito do campo de defesa do Cruzeiro um playground. E o confuso Mozart não está conseguindo corrigir plenamente esse problema que vem desde Felipe Conceição. Com o atual técnico, o escrete deu sinais de melhora defensiva em algumas partidas. Mas em outras... Contra Botafogo, CSA, CRB, Guarani e Avaí, a atuação defensiva foi desastrosa. Essas equipes juntas marcaram 15 gols nas metas de Fábio e Lucas França. O time permanece com o lastimoso status de "pior defesa". 

Roni Pereira, jornalista de Salvador/BA

domingo, 18 de julho de 2021

Outra derrota vergonhosa

A Humilhação, romance de Philip Roth publicado em 2009, serve como métafora para explicar a vexaminosa situação do Cruzeiro na Série B. Facilmente derrotado no Mineirão pelo Avaí, por 3 a 0, o time chegou à sexta partida consecutiva sem vitória - quatro empates e duas derrotas. Tá ali pertinho da zona de rebaixamento, na 16ª posição. Não há nenhuma perspectiva de melhora e o torcedor está se acostumando à ideia de que o escrete celeste não vai subir, mas meramente irá brigar para não cair para a Série C.

No livro de Roth, o protagonista se chama Simon Axler, um brilhante ator de teatro. Ou era. De repente e de forma inexplicável, ele perde o talento. A partir daí, vem a derrocada, "a humilhação". Atuações ruins no palco, massacre da crítica, o que culmina com ele solitário, depressivo e internado, voluntariamente, num hospital psiquiátrico. 

O Cruzeiro passa por roteiro parecido. É um clube com história gloriosa. Já em 1966, massacrou o Santos de Pelé em plena final de Taça Brasil, entre outros grandes feitos ao longo da história do futebol brasileiro e mundial. Nem fez três anos o bicampeonato consecutivo da Copa do Brasil, o sexto no total, que o faz o maior campeão. Isso leva alguns a pensarem: como pode haver uma derrocada repentina assim?

Diferentemente da perda de talento do ator no livro de Roth, a degradação do Cruzeiro tem explicação: gestões perdulárias, corruptas e incompetentes. Tantos anos de irresponsabilidade fiscal, de uma estrutura política falida, de erros na montagem de escretes e de crimes não poderiam passar impunemente. O presidente Sérgio Rodrigues, que chegou com uma proposta de "Novo Cruzeiro", prossegue com velhos equívocos, tornando o clube cada vez mais vexaminoso. 

O torcedor não se empolgou com a chegada do treinador Mozart Santos, cujo feito mais "brilhante" foi o quase acesso do CSA na Série B passada. Até o momento ele não contrariou a máxima do Barão de Itararé: "de onde menos se espera, daí é que não sai nada mesmo". E nem dá sinais de que vai. Não conseguiu sequer manter uma constância tática. Todo jogo é uma formação diferente, variando também a escalação. Dois zagueiros, três zagueiros, três atacantes, quatro atacantes... O homem não tem a menor ideia do que fazer com esse time. Está usando do método "tentativa e erro". E só erra. A frieza dos números demonstra: a equipe atual consegue ser pior que a do ano passado. 

Espero que o Cruzeiro não tenha o mesmo destino do protagonista de "A Humilhação". Spoiler: ele nunca mais voltou a ser um grande ator. 

Roni Pereira, jornalista residente em Salvador/BA

Defesa do Cruzeiro vacila de novo e lá se vão dois pontos

COM VANDERLEI LUXEMBURGO, o Cruzeiro continua com a pior defesa, tanto nos números, como dentro de campo. Ele não é culpado, óbvio. O pofexô...